quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A contracepção em Portugal

Sei que é um artigo longo, mas vale a pena ler...
Consciencionaliza-nos para o estado de Portugal ao nível da contracepção!

"
Uma em cada seis adolescentes tem uma vida sexual activa sem utilizar qualquer contraceptivo, revela um estudo sobre as práticas anticoncepcionais das portuguesas, que apurou ainda uma maior utilização da pílula do dia seguinte pelas jovens.
A "Avaliação das Práticas Contraceptivas das Mulheres Portuguesas" é uma iniciativa conjunta da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) e da Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR).

Trata-se de um estudo nacional que envolveu cerca de 3.900 mulheres, com idades entre os 15 e os 49 anos, residentes em Portugal Continental, Madeira e Açores.
Segundo os resultados preliminares desta avaliação, 16 por cento das adolescentes não fazem qualquer contracepção, apesar de serem sexualmente activas.
A quantidade de mulheres que já recorreram à toma da pílula do dia seguinte aumenta à medida que diminui a sua idade: 11,2 por cento das mulheres já alguma vez recorreram à toma da pílula do dia seguinte, valor que aumenta para 32,9 por cento nas adolescentes.
Os autores do estudo consideram que esta conclusão expõe "claramente as deficiências na contracepção neste grupo em particular [adolescentes], onde uma gravidez não planeada poderá ter consequências mais significativas".
O presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, Daniel Pereira da Silva, disse à Agência Lusa que esta é uma das principais novidades da investigação e que a mesma "surpreende".
"Na nossa prática clínica temos a noção de que são as mulheres mais jovens que recorrem à pílula do dia seguinte, mas nunca esse facto foi espelhado em dados tão concretos", acrescentou.
O estudo aponta ainda para "limitações óbvias a nível do grau de conhecimento da população portuguesa em relação à contracepção em geral e à correcta utilização dos diferentes métodos contraceptivos".
Por um lado, as mulheres portuguesas têm um "elevado grau de conhecimento em relação aos diferentes métodos contraceptivos disponíveis, com particular ênfase para a pílula, o preservativo masculino e a laqueação tubária, todos identificados por mais de 90 por cento das entrevistadas".
No entanto, outros métodos - como o adesivo transdérmico, o implante subcutâneo e o anel vaginal - foram menos identificados, tendo sido referidos por 50 a 60 por cento das entrevistadas.
A esmagadora maioria das mulheres (87 por cento) considera-se suficientemente informada sobre os métodos contraceptivos, mas estes valores são ligeiramente menores na população entre os 15 e os 19 anos.
"A pílula é o método contraceptivo mais usado pelas entrevistadas (88,3 por cento), seguido pelo preservativo masculino (66,5 por cento)".
Apesar da grande utilização da pílula, o estudo apurou que entre 24,1 por cento e 75 por cento das entrevistadas referiu que alguma vez não seguiu as indicações correctas em relação à utilização de métodos contraceptivos, tendo o valor mais alto sido registado com a pílula.
Das utilizadoras de pílula (70,4 por cento das entrevistadas que estavam a fazer contracepção), três em cada quatro indicaram que já alguma vez se tinham esquecido de tomar este contraceptivo.
Este valor é maior entre as adolescentes, grupo em que nove em cada 10 utilizadoras se esqueceu alguma vez de tomar a pílula.
A maioria das entrevistadas (70 por cento) assumiu esquecer-se de tomar a pílula um a três ciclos por ano, sendo que 15 por cento se esquece de tomar a pílula em todos os ciclos, número ainda mais elevado entre as adolescentes, onde foram alcançados valores na ordem dos 22 por cento.
Os autores do estudo realçam "um aspecto extremamente significativo": "Não obstante as entrevistadas se considerarem satisfeitas com a informação relativa a contracepção, 22,9 por cento já utilizaram o coito interrompido, um método reconhecidamente falível".
Mais de 80 por cento das entrevistadas entre os 15 e os 19 anos abordou o tema da contracepção na escola, contra apenas 17,9 por cento do grupo entre os 40 e os 49 anos, o que evidencia "uma tendência extremamente positiva".
Durante as entrevistas a maioria das entrevistadas a fazer contracepção situava-se entre os 20 e os 39 anos, com valores ligeiramente abaixo dos 77 por cento.
O estudo destaca o "elevado número de casos de adesão parcial, nomeadamente à contracepção oral, contribuindo para um maior nível de falências".
"Este aspecto, comprovado igualmente pela elevada taxa de recurso a métodos de emergência como a pílula do dia seguinte, é particularmente grave entre a população adolescente".
Os resultados do estudo evidenciam "a necessidade de focalizar e incrementar as acções educacionais junto da população de maior risco e, ao mesmo tempo, de utilizar racionalmente outros métodos contraceptivos que possam proporcionar níveis mais elevados de adesão à terapêutica".
Segundo a investigação, 18,9 por cento das adolescentes e 35,9 por cento das mulheres entre os 20 e os 29 anos já suspeitou de uma potencial gravidez não desejada."

Na minha opinião este artigo reflecte perfeitamente o estado em que Portugal se encontra relativamente ao uso de contraceptivos pela parte feminina.
É de lamentar que hoje em dia com tanta informação e formação disponível em vários locais, existirem tantas suspeitas de gravidezes indesejadas, a toma da pílula do dia seguinte e até mesmo abortos; principalmente entre as adolescentes.
Talvez a educação sexual nas escolas melhorasse este infeliz acontecimento, mas muito sinceramente na minha opinião tal não acontece por falta de informação mas sim por falta de consciência e responsabilidade, o que ainda é mais lamentável; visto que se trata do futuro delas próprias.

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