sexta-feira, 11 de abril de 2008

Criação de medicamentos para seropositivos com baixa imunidade

Dois investigadores da Universidade da Califórnia (EUA) foram conhecer o trabalho realizado pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) na aplicação de biotecnologia com caprinos no combate a doenças como diarreia e imunodeficiência.

Os professores James Murray e Elizabeth Maga visitaram os estábulos do sector de Caprinocultura da Uece, que desenvolve um projecto para obter o primeiro cabrito transgénico da América Latina — em 2006 houve uma tentativa nesse sentido, também na Uece, mas o animal faleceu antes do resultado de comprovação da transgenia.

Os cientistas deram um workshop “Biotecnologia de caprinos como ferramenta para o desenvolvimento social e económico do Nordeste”, na Universidade de Fortaleza (Unifor). De acordo com Vicente Freitas, professor do curso de Medicina Veterinária da Uece e coordenador do projecto, a ideia é implantar um gene humano no DNA de um embrião de caprino, que depois é implantado numa fêmea da espécie. O objectivo é que o animal passe a produzir substâncias de interesse para a ciência.

‘‘Não é uma técnica recente, mas poucos países a dominam’’, explicou Freitas. Há uma semana, nasceu uma ninhada de 23 cabritos originados de embriões geneticamente modificados. Foram implantados nesses embriões um gene humano que estimula a produção de uma proteína pelas glândulas mamárias. A proteína actua no combate à imunodeficiência.

‘‘Depois de o leite passar por um enriquecimento podemos utilizá-lo para produzir medicamentos para pacientes portadores de Sida ou Cancro, que possuem baixa imunidade’’, destaca Freitas. Mas até que esse medicamento chegue ao mercado, o processo de testes para utilização em humanos pode levar até dez anos. Enquanto isso, os cientistas aguardam os resultados dos testes de DNA realizados pela Uece e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), parceira na investigação para determinar se os cabritos apresentam o gene humano, provando que são transgénicos. O principal objectivo da visita é trocar experiências e firmar parcerias na investigação com animais transgénicos.

Os cientistas americanos desenvolvem, há vinte anos, estudos em animais geneticamente modificados a fim de agregar benefícios biológicos ao leite.Uma das experiências realizadas foi a implantação do gene que produz lisozima — que nos seres humanos é encontrada nas lágrimas e em secreções como o leite materno — responsável por combater bactérias que causam problemas gastrointestinais.‘‘Estamos na quinta geração desses animais modificados e tivemos bons resultados com porcos e cabras alimentados com esse tipo de leite. Ainda há um longo caminho até as pesquisas com humanos, mas as perspectivas são boas’’, esclareceu o professor James Murray.

Como grande parte das mulheres não tem como amamentar os seus filhos durante o tempo ideal, o leite modificado pode tornar-se uma alternativa para prevenir doenças no futuro. ‘‘Sabemos que crianças que foram amamentadas estão mais protegidas contra problemas como a diarreia’’, acentua Elizabeth Maga.




Opinião Pessoal: Este artigo mostra muito bem como as biotecnologias aplicadas a processos de produção como o do leite (animais transgénicos, etc) pode ter imensos benefícios no tratamento de doenças tão graves, como por exemplo a SIDA. Sem dúvida uma das áreas mais promissoras na investigação para a cura e tratamento de várias doenças.

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